O Preço do Amanhã. Quanto você acha que vale hoje? Quanto imagina que valerá amanhã?

Matéria integra a edição nº 23

POLITICA

Equipe Nas entrelinhas

11/21/20235 min ler

Não vamos aqui fazer uma resenha ou relato do filme que tem como principais atores, Justin Timberlake e Amanda Seyfried. É que a premissa do filme gira em torno do “tempo” como “moeda” para garantir a vida.

Muitas vezes, a vida imita a arte ou a própria arte se faz a partir de experiências vividas. É claro que o filme é do gênero ficção científica mas, como a arte e a vida estão, de certa forma, conectadas…

Na vida real, para se garantir a sobrevida, a própria vida ou a satisfação de um desejo imenso é possível se fazer o uso da “moeda”, nem sempre no sentido literal, físico, mas como algo de valor, tangível ou intangível, de que alguém dispõe para oferecer em troca por outra coisa que pode ou não ter a mesma medida de valor mas, em decorrência da necessidade e do tempo pode ter o seu preço superestimado ou subestimado. Daí advém a máxima de que “todo mundo tem seu preço” e, de acordo com o Filósofo, Mário Sérgio Cortella, “todos nós temos um preço”, aceitar que paguem ou não, depende da nossa escolha; e a pessoa que se vende, sempre vale menos do que pagaram por ela.

Geralmente, durante os processos eleitorais, quaisquer que sejam eles, sempre tem um cidadão ou outro que imagina tirar algum proveito em troca do seu voto. Nas disputas eleitorais aos cargos do Executivo e Legislativo municipal, esse tipo de coisa é muito evidente.

Na atual gestão do IFBA essa coisa de preço e valor ficou evidenciada a partir do início deste ano de 2023, ano eleitoral. Alguns servidores, principalmente técnico-administrativos, outrora mediocrizados, de repente tiveram os seus status elevados a altamente qualificados e capacitados, embora haja o evidente “desconforto” de alguns. Mas, não importa, é preciso manter o status quo. Outros, através da distribuição de bolsas vinculadas aos editais institucionais de última hora, da mesma forma, podem ter algo de valor para dar em troca, afinal todo mundo tem seu preço, mas aceitar que o pague, depende de escolha.

E qual é o preço de um assediador? O ex-Reitor, no debate eleitoral de 2018, citou haver 12 denúncias de assédio sexual a estudantes no Instituto (12 denúncias só de assédio sexual contra estudantes) e assinalou que na equipe da então candidata tinha membros denunciados por assédio sexual que transformaram a vítima em algoz, tendo como consequência, a pedido dos pais, a transferência da aluna para outro campus do Instituto para que não sofresse, além do assédio sexual, o assédio moral. Enquanto candidata, disse que não tinha a caneta na mão e assim não poderia resolver mas, “... quando eu for Reitora, porque serei Reitora, nós iremos construir uma política de combate ao assédio institucional, ao assédio sexual, … e também ao assédio moral que hoje é institucional…na minha gestão não será admitido assédio moral nem assédio sexual…”.

Bom, a agora Reitora, candidata à reeleição tem a caneta na mão e fez o quê com os predadores sexuais? A caneta dela é do bem! Só deu alguns dias de suspensão para um servidor que sofreu um PAD e no debate em Conquista afirmou que a denúncia não foi por assédio sexual, mas a Comissão de PAD investigou o assédio e só encontrou uma "má conduta". Desde quando uma Comissão de PAD investiga objeto diferente daquele que foi denunciado? E ainda dizem que a gestão não é humanizada. Que loucura dessa gente! A gestão é tão humanizada que no debate a Reitora defendeu o pobre coitado dizendo que não foi por assédio e sim por “má conduta”. Comékié?? Explica aí!

De acordo com o que foi dito pela Reitora no debate, a denúncia não foi por assédio sexual; a Comissão de PAD investigou e não detectou indícios de assédio sexual (mas se a denúnicia não foi por assédio a Comissão de PAD investigaria o assédio?) sendo enquadrado como “má conduta” do servidor. A Reitora deveria explicar claramente o que seria essa “má conduta” porque é uma situação em que quase todo o campus tomou conhecimento. Segundo “Peter Pan”, ele teve um namoro com ”Sininho”. Mas, conforme informações colhidas de alguns alunos, o Peter já tinha histórico de assédios sexuais (estudantes, professoras, técnicas administrativas e terceirizadas). Em um dado momento, o Peter teria agredido fisicamente a Sininho e isso gerou uma revolta e comoção entre os seus colegas. Tal conduta teria originado uma medida protetiva.

Se o acontecimento foi como está descrito, se não houve o assédio sexual, no entendimento da Comissão de PAD, agredir uma aluna dentro da unidade de ensino não pode ser relativizado como fez a a Reitora no debate em Conquista. Não é apenas uma “má conduta!" E essa relativização é entendida como proteção aos predadores sexuais.

De acordo com o Manual de PAD da CGU e entendimentos de administrativistas, agredir uma aluna em local de de trabalho do servidor público, incorre em duas situações passíveis de demissão: Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição e ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa ou em legítima defesa de alguém. Mas, a pergunta é: e se não fosse apoiador da gestão, a caneta funcionaria para o bem?

Seja por predatismo sexual, ou por agressão (que é uma das ações/reações dos predadores sexuais), havendo comprovação, a medida a ser adotada seria a “demissão” e não a “premiação”. Se o servidor cumpriu suspensão, seja lá por quantos dias, porque alguma coisa grave foi apontada pela Comissão de PAD e, se o que foi relatado acima é verdadeiro, além de escandalizar a Instituição, abre-se precedentes para a prática do predatismo sexual.

A moeda de troca do Peter, há alguns meses estava mais valorizada, não poupava elogios negativos à gestão. Em todas as suas redes sociais havia sempre uma postagem criticando e apontando as falhas, alunos sem aulas, condições de trabalho… ganhou algumas curtidas extras. Mas aí chegou o período de campanha eleitoral e sempre aparece o momento em que a gente tem que lembrar de pagar o que deve. O preço de amanhã pode não ser o mesmo de hoje.

Enquanto isso, as promessas de campanha ficaram mesmo no campo das promessas. O golpe tá aí, cai quem quer! A Reitora levou quatro anos para colocar no papel a INSTRUÇÃO NORMATIVA GAB/IFBA Nº 6, DE 06 DE NOVEMBRO DE 2023 que vai designar membros para compor as Comissões para enfrentamento do assédio. Isso porque, nesse período de campanha eleitoral, o tema “assédio” voltou à discussão e, justamente, mostrando toda a promessa feita e não cumprida. Quando o assédio foi tema do debate de ontem, 14 de novembro, em Conquista, a “equipe Bombeiros” correu para “apagar o fogo” e, somente às 18h19min, foi veiculado no e-mail institucional a referida INSTRUÇÃO NORMATIVA. Pasmem!!! A Reitora ainda quer mais 4 anos só para tentar constituir as Comissões!? É isso?

Analisando bem, 4 anos para elaborar uma INSTRUÇÃO NORMATIVA; mais 4 anos para constituir uma Comissão que vai discutir as políticas de enfrentamento ao assédio institucional. Aí se vão 8 anos. Ah, não vai dar! Vai precisar de mais 4 anos para tentar implementar as políticas de enfrentamento do assédio. É, não tem jeito, vamos ter que mudar as regras eleitorais mais uma vez!

Mas, enquanto isso, o predatismo sexual a alunas vai seguir fazendo vítimas.